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Cientistas com um tablet conversando em um laboratório.

A cibersegurança é uma emergência real no setor de saúde

Saiba como o setor de saúde consegue proteger seus recursos de TI e dados contra ciberataques cada vez mais complexos

17/06/2025Dheeraj Rawal

Contexto

Com a aceleração continuada da digitalização no setor de saúde, as tendências tecnológicas estão ficando cada vez mais importantes. Uma pesquisa mostra que quase 70% das organizações de saúde estão investindo em plataformas digitais.1 Este blog analisa o uso crescente da tecnologia, desde a telemedicina e a telessaúde até os prontuários eletrônicos de pacientes (sistemas EHR). O blog também destaca os riscos de segurança que esse desenvolvimento gera.

Perspectivas para o mercado de saúde digital

Avaliação do mercado global de TI para o setor de saúde

Os três fatores de maior influência no setor de saúde no momento são a transformação digital, os problemas com os profissionais da saúde (retenção de funcionários, bem-estar, escassez de mão de obra) e a interação com os pacientes (atendimento e experiência do paciente). Em 2024, o valor do mercado global de saúde digital foi estimado em mais de US$ 420 bilhões. A previsão é de que continue crescendo com uma taxa média anual de 14,7%, podendo ultrapassar cerca de US$ 834 bilhões até 2029.2 Esse rápido crescimento é explicado pela aposta cada vez maior do setor em tecnologias para melhorar o atendimento ao paciente e a eficiência operacional.

Vários fatores promovem esse crescimento. Um dos aspectos mais importantes são os inúmeros processos manuais associados a horas de trabalho repetitivo envolvendo papéis e a entrada de dados. Em média, os profissionais da saúde gastam cerca de 15 horas por semana com tarefas administrativas. Em áreas de especialização como medicina física e reabilitação (PM&R), o número chega a 19 horas.3 Isso retarda o atendimento aos pacientes e gera faltas por razões de saúde entre os profissionais que já estão sobrecarregados e mal remunerados.

Profissionais da saúde sobrecarregados

Em 2024, muitos profissionais da saúde em todo o mundo entraram em greve para chamar a atenção para a constante sobrecarga de trabalho e as más condições de trabalho. Na Coreia do Sul, mais de 12.000 médicos assistentes protestaram contra horas extras e falta de mão de obra. Lá, 2,6 médicos cuidam de uma média de 1.000 pacientes. Na Inglaterra, os médicos assistentes do NHS entraram em uma longa greve, durante a qual mais de 1,5 milhão de consultas foram canceladas. Na Nova Zelândia, 36.000 profissionais de enfermagem e obstetrícia e técnicos de saúde saíram às ruas para exigir melhores salários e a contratação de mais funcionários.  

A constante sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde prejudica a produtividade, a satisfação no trabalho e, por consequência, o atendimento ao paciente. Por exemplo, os enfermeiros gastam de 15% a 28% do seu tempo de serviço com tarefas rotineiras, enquanto os médicos passam cerca de 70% do seu tempo realizando tarefas administrativas.4 Mas com os orçamentos limitados, é impossível que as organizações contratem mais funcionários.  

Será que a tecnologia consegue aliviar a tensão? Sim, e algumas organizações de saúde já estão usando tecnologias digitais para reduzir a carga de trabalho, melhorar o atendimento ao paciente e aumentar a eficiência operacional.

Foco em tecnologias

Com tecnologias como a inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina (Machine Learning - ML) / aprendizado profundo (Deep Learning - DL), automação, nuvem e análise de dados, os provedores de serviços de saúde conseguem otimizar seus processos e reduzir os procedimentos manuais. Tarefas de rotina, como agendamento de consultas, envio de lembretes, processamento de pedidos e faturamento, podem ser realizadas digitalmente. Isso acelera a documentação, aumenta a eficiência e reduz os erros.  

Os sistemas de EHR (Electronic Healthcare Record), conhecidos como prontuários eletrônicos de pacientes, estão cada vez mais integrando funções de IA e ML, oferecendo apoio aos diagnósticos e melhorando o tratamento. Essas tecnologias estão substituindo os métodos antigos, baseados em papel. A automação não apenas melhora a produtividade, mas reduz também os custos. Por exemplo, a North West London University Healthcare conseguiu economizar com UiPath mais de US$ 461.000 por ano, reduzindo sua carga de trabalho diária em cerca de 56 horas e automatizando 18 processos.

Novos desenvolvimentos, como prontuários eletrônicos de pacientes, telemedicina, assistentes virtuais, diagnósticos com suporte de IA, transferência eletrônica de dados, prescrições eletrônicas e gerenciamento eletrônico de cobranças estão ganhando cada vez mais importância. De acordo com estimativas da McKinsey, a IA, o ML e o DL poderiam gerar uma economia anual de US$ 200 a 360 bilhões.6

O uso da IA generativa

O atual avanço da IA generativa (GenAI) no setor de saúde é impressionante. Várias organizações já estão usando a tecnologia, seja para tomar decisões clínicas, melhorar a experiência do paciente ou para aumentar a eficiência da administração. A Philips Healthcare, por exemplo, está em processo de transformação de seu serviço com IA generativa e recursos de nuvem. A empresa usa a IA generativa para automatizar a criação de documentos e relatórios, para o agendamento e muito mais. A ideia por trás disso é simplificar os processos administrativos, promover a interação com os pacientes e oferecer funções novas e úteis para os médicos.7

Não é só a Philips, há muitos outros provedores de serviços de saúde que estão investindo em sua TI. Mais de 40% já conseguiram economias moderadas a significativas ao investir na IA generativa8 Mais de 85% dos tomadores de decisão do setor de saúde planejam investir na IA generativa nos próximos três anos.9

Os dados médicos são uma mina de ouro

A tecnologia da informação está sendo cada vez mais integrada ao setor de saúde – e com isso, o volume de dados está aumentando enormemente. A Internet das Coisas Médicas (IoMT) e a crescente capacidade dos dispositivos médicos para a internet permitem várias formas de monitoramento remoto e tornam a assistência médica mais acessível. A IoMT já é um mercado bilionário, pois consegue contribuir fortemente para melhorar a experiência do paciente.

Os dados médicos são uma mina de ouro para os tomadores de decisão. Por meio de análises descritivas, diagnósticas, preditivas e prescritivas, os prestadores de serviços de saúde conseguem obter insights importantes e fornecer informações úteis aos médicos.

Os legisladores promovem o uso de tecnologias

Diante das inúmeras vantagens do uso da tecnologia, até mesmo a política está iniciando reformas no setor de saúde no mundo todo. O governo alemão, por exemplo, aprovou recentemente uma série de leis para promover a introdução de sistemas digitais. Em 2019, foi aprovada a "Lei para Acelerar a Digitalização do Sistema de Saúde", que introduziu o prontuário eletrônico do paciente (ePA). Ele substituirá gradualmente os documentos em papel. Outra lei que entrou em vigor é a Lei do Futuro dos Hospitais (KHZG). Ela prevê subsídios para hospitais que pretendem aprimorar sua infraestrutura de TI e sua cibersegurança e prepará-las para o futuro. Para isso, o governo está disponibilizando dinheiro público no valor total de 4,3 bilhões de euros.10

Na Ásia, vemos desenvolvimentos semelhantes. Os governos querem acelerar a transformação digital por meio da padronização de dados e do uso de prontuários eletrônicos de pacientes baseados na nuvem (cloud-based). Essas estratégias nacionais na área de saúde digital melhoram a interoperabilidade, o intercâmbio de dados e o atendimento ao paciente.

A escassez de profissionais como impulsionador da digitalização

Outro fator que avança a digitalização é a falta de profissionais da saúde. Cerca de 67% dos tomadores de decisão do setor de saúde acreditam que a escassez de mão de obra terá um impacto negativo sobre a sua lucratividade nos próximos dez anos.11 Esse desenvolvimento pode ser parcialmente atenuado pela IA baseada em agentes, pois ela executa tarefas complexas e atinge metas específicas com o mínimo ou até mesmo nenhuma supervisão humana.  

Diferentemente dos chatbots tradicionais, os assistentes virtuais de IA baseada em agentes são mais produtivos, já que concluem automaticamente processos de múltiplas etapas em várias áreas de negócios. As principais organizações do setor de saúde estão recorrendo cada vez mais às tecnologias digitais para evitar perdas de receita, reduzir as faltas dos profissionais por razões de saúde, aumentar a eficiência e melhorar o acesso aos seus serviços.

O lado negativo da digitalização

Aplicativos e ferramentas cloud-based são o alvo principal dos invasores

O uso crescente de tecnologias digitais, como nuvens, prontuários eletrônicos de pacientes e telemedicina, está aumentando a área de exposição do setor de saúde. Em média, há 20 dispositivos IoMT em um quarto de hospital comum, muitos dos quais têm vulnerabilidades conhecidas. 82% dos provedores de serviços de saúde sofreram pelo menos um ataque que afetou seus equipamentos técnicos em 2024.12 

Provedores terceirizados também representam riscos. Nos últimos dois anos, 98% dos provedores de serviços de saúde trabalharam com um provedor externo que foi vítima de algum ataque.13 Até mesmo ferramentas simples de colaboração são alvos populares: De acordo com 61% dos entrevistados, as mensagens de texto foram o método mais frequentemente usado para ataques, seguido pelo e-mail.14

As violações de dados são assustadoras e caras

Violações da proteção de dados no setor de saúde (mais de 500 registros de dados)

O custo médio das violações de dados no setor de saúde é de US$ 9,77 milhões (2024). Esse não é apenas o valor mais alto em comparação com outros setores, mas também quase o dobro da média de todos os setores.15 Esses enormes prejuízos financeiros podem levar empresas menores rapidamente à falência. As violações de dados também são caras nesse setor, pois normas como a HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act), a HITRUST (Health Information Trust Alliance) e a NIS2 (Network and Information Security Directive) impõem sanções severas por transgressões. Devido à complexidade dos dados, a recuperação subsequente do sistema não é menos dispendiosa.  

O setor de saúde é um dos alvos favoritos dos invasores porque as informações pessoais de saúde (Personal Health Information - PHI) são negociadas no mercado negro e na dark web a preços elevados. Esses registros dos pacientes incluem geralmente informações de identificação pessoal (Personally Identifiable Information - PII), o histórico médico, informações de seguro e de pagamento – tudo dados que podem ser facilmente usados de forma indevida.

O diagrama mostra a extensão das violações de dados no setor de saúde. Mesmo que esses números se refiram apenas aos EUA, eles mostram claramente o aumento da quantidade de ataques e das pessoas afetadas.16

Ciberataques colocam em risco a segurança dos pacientes

Em mais de 70% dos casos, os ciberataques prejudicam as operações dos hospitais. A interrupção dos processos hospitalares geralmente significa que os pacientes não conseguem ser tratados a tempo.17

Algumas clínicas afetadas foram forçadas a reagendar tratamentos, o que teve consequências graves para casos críticos. Ameaças comuns, como ransomware e o comprometimento de e-mails corporativos, cadeias de suprimentos e contas na nuvem, geram atrasos no tratamento e dificuldades nos processos operacionais. Somente nos EUA, as violações de dados resultaram em cerca de 168 milhões de registros de dados comprometidos em 2024.

Ataque sem precedentes a um prestador de serviços de saúde

A Change Healthcare, líder de mercado em tecnologia médica e faturamento de serviços, foi vítima de um ataque malicioso de ransomware que comprometeu os dados de saúde dos pacientes. A empresa inicialmente minimizou o impacto, falando de 500 registros de dados afetados. No entanto, uma investigação mostrou que cerca de 100 milhões de pessoas foram prejudicadas. Isso torna esse incidente uma das maiores violações de dados no setor de saúde estadunidense. O ataque interferiu gravemente nos serviços da Change Healthcare e aumentou a preocupação com a segurança dos dados dos pacientes e a confiabilidade do sistema.

O impacto financeiro também foi devastador. O UnitedHealth Group, proprietário da Change Healthcare, teve que indenizar hospitais e prestadores de serviços de saúde em mais de US$ 3,3 bilhões pelas falhas operacionais que causaram. Em seguida, as autoridades federais realizaram uma análise aprofundada da conformidade da Change Healthcare com as normas da HIPAA. O caso colocou todo o setor em alerta e concentrou a atenção em questões como a segurança de dados e a consolidação de dados pessoais de saúde.

O ataque demonstrou a necessidade urgente de medidas eficazes de cibersegurança no setor de saúde. Ele desencadeou uma discussão em todo o setor sobre se e como padrões voluntários de cibersegurança deveriam ser introduzidos. Até hoje, as investigações e medidas de recuperação ainda não foram concluídas. Tudo isso deixa claro o quanto o risco de um ciberataque complexo a sistemas de saúde vulneráveis aumentou. Parece que a empresa pagou um resgate de cerca de US$ 22 milhões (em bitcoins) para recuperar o acesso aos seus dados. O autor foi o famoso grupo de hackers BlackCat.18

Por que uma cibersegurança eficaz é imprescindível no setor de saúde

Cada vez mais prestadores de serviços de saúde estão reconhecendo a importância de medidas sólidas de segurança no setor de TI. Cerca de 78% dos provedores estão planejando melhorar sua segurança em 2025.19

Abordagens de segurança como segmentação de rede, Confiança zero, detecção e eliminação de ameaças avançadas, gerenciamento de vulnerabilidades e testes de penetração são ferramentas importantes que os provedores de serviços de saúde podem usar para otimizar seus padrões de segurança. Elas ajudam a evitar ciberataques e, acima de tudo, garantem um atendimento tranquilo aos pacientes. Em média, as empresas conseguem reduzir seus gastos em US$ 1,76 milhão usando processos sofisticados de IA e de automação. Além disso, eles aceleram a detecção de ataques.20

Soluções avançadas de segurança para o setor de saúde

A T-Systems oferece soluções avançadas de segurança com recursos de IA para provedores de serviços de saúde que protegem dispositivos, dados, redes e toda a infraestrutura de TI. Graças ao nosso Security Operations Center (SOC) global e aos Serviços Gerenciados, conseguimos reagir imediatamente em caso de algum incidente e combater ataques em tempo real.

Nossa abordagem proativa está em conformidade com as normas como a HIPAA, HITRUST, NIS2, LGPD e outras. Isso garante a proteção dos dados confidenciais dos pacientes. Com esse alto nível de segurança, os prestadores de serviços de saúde podem focar em cuidar dos pacientes e ter a certeza de que seus sistemas e dados estão protegidos contra ameaças cibernéticas modernas.

Em nosso white paper “Proteção da segurança dos pacientes por meio de medidas de segurança direcionadas", descrevemos em detalhes como nossas soluções de segurança funcionam e como você consegue proteger sua infraestrutura de TI. Proteja com a T-Systems seus sistemas e redes de TI/OT contra ataques. Aumente a segurança e a conformidade de sua empresa. Comece agora com uma avaliação de segurança. 

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Content Marketer, T-Systems International GmbH

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Referências

1 Global Healthcare Outlook Article, 2025, Deloitte
2 Healthcare Market Growth, 2024, MarketsandMarkets
3 Physician Statistics Article, 2024, Medscape Physician Compensation Report
4 Global Healthcare Outlook Article, 2025, Deloitte
5 Automation Case Study, 2024, UiPath
6 Digital Transformation and Health Investments, 2024, McKinsey
7 GenAI Philips Case Study, 2023, Philips Website
8 Global Healthcare Outlook Article, 2025, Deloitte
9 Future Health Index Report, 2024, Philips Website
10 Digital Health News, Deutschland, 2021, Healthcare IT News
11 Healthcare Workforce, 2023, PwC
12 Healthcare Attack Surface Report, 2024, Praetorian
13 Healthcare Attack Surface Report, 2024, Praetorian
14 Cost and Impact of Patient Safety, 2024, Ponemon Institute
15 Cost of Data Breach Article, 2024, Security Intelligence
16 Data Breach Report, 2024, HIPAA Journal
17 Cost and Impact of Patient Safety, 2024, Ponemon Institute
18 Largest Healthcare Breaches, 2024, TechTarget
19 Global Healthcare Outlook Article, 2025, Deloitte
20 Cost of Data Breach Article, 2024, Security Intelligence

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